As mulheres empreendem, inovam e provam que, apesar de ainda serem minoria em algumas áreas brilham quando o assunto é dominar o mercado e tomar as decisões no lar.
“… o ser humano toma decisões a todo o momento, das mais simples – como qual caminho pegar para ir para casa – até as mais complexas – decidir fazer uma viagem internacional ou comprar um imóvel. O que muitos desconhecem é que existe um campo de estudo relativamente novo, a Economia Comportamental, que analisa as influências cognitivas, sociais, contextuais e emocionais na maneira como as pessoas fazem escolhas”. Flavia Ávila
O Brasil tem mais de 5 milhões de mulheres empreendedoras. Segundo um estudo divulgado pela Serasa Experian em 2016, elas representam 43% dos proprietários de negócios no País. A maior parte, 72,9% do total, comanda micro e pequenas empresas e 0,2% dirige estabelecimentos de grande porte. Mulheres empreendedoras muitas vezes são líderes em suas comunidades. Elas constituem modelos ou exemplos e sua atividade permite sustentar lares e melhorar o padrão de vida.
Prova disso é que as mulheres tomam 84% das decisões de compras de um lar. Na busca por esse entendimento, o grupo de comunicação “abc”, se juntou à consultoria de comunicação com mulheres “65/10” e a partir dessa união surgiu o relatório Revolução Delas – Os novos comportamentos da mulher brasileira. Um mapa das microrevoluções que estão mudando o universo feminino, com análise de causas, efeitos e depoimentos das pessoas que estão liderando a “Revolução Delas”.
Por meio desse estudo hoje é possível afirmar que as mulheres não são nicho de mercado, elas são “o” mercado. Por isso é tão importante entender as mudanças que aconteceram no universo feminino nos últimos anos e as tendências de comportamento que elas apontam.
Maria Guimarães, publicitária e redatora, fundou há dois anos a 65/10. A empresa é uma consultoria especializada em comunicação com mulheres que visa mudar os dois números do nome: os 65% das mulheres que não se vêem representadas na publicidade e o fato de que apenas 10% dos criativos do mercado brasileiro são mulheres. “Queremos mudar a comunicação e queremos mudar quem faz essa comunicação. Assim teremos uma melhor representação da mulher”, acredita Maria.
Ela cita alguns exemplos práticos de como as empresas aproveitam esse conceito. “Hoje, 65% das mulheres não acredita que a publicidade as representa, ou seja, elas não se sentem contempladas. Estamos errando na representação. Ao se abrir para uma comunicação que de fato represente essas mulheres, você pode atingir muito mais gente do seu público de um jeito muito melhor. Não existe um jeito de fazer, existe pesquisa e existe se abrir de preconceitos para comunicar”.
Ainda segundo o relatório, as mulheres tomam 84% das decisões de compras de um lar. Ou seja, são elas que decidem em mais da metade das vezes qual vai ser o carro da família, o computador e até o destino das férias. Segundo Maria, é muito importante nos libertar dos estereótipos de que elas não sabem como gastar ou que só compram produtos de limpeza, porque elas compram de tudo. “É importante entender que representar as mulheres de um jeito mais real é bom não só porque vende, mas também porque é correto socialmente. Não queremos colaborar com a cultura do estupro, não queremos colaborar com o feminicídio. Hoje no Brasil morre uma mulher a cada 90 minutos apenas por ser mulheres e a cada 12 minutos temos uma mulher estuprada. A publicidade, enquanto mídia de massa, precisa ser mais responsável, pois assim ajudamos a melhorar a vida de muitas mulheres e também teremos uma melhoria nos negócios”, finaliza a publicitária.
Mercado de trabalho do DF
Inúmeras têm sido as abordagens sobre a crescente presença feminina no mercado de trabalho, ampliando o conhecimento sobre as características e tendências dessa inserção sob a perspectiva individual e de gênero. No DF, por exemplo, apesar de o desemprego ter aumentado, a participação das mulheres no mercado de trabalho cresceu. Além disso, mesmo recebend…; que, em 2004, abriu uma empresa de comunicação com o marido. Foram 10 anos empreendendo e em 2014 fechou a empresa. Foi quando em 2016, começou a escrever uma coluna sobre um Consumo Consciente em um portal da cidade. Hoje, Iara apresenta marcas e iniciativas de empreendedores de Brasília e também conta histórias de pessoas que adotaram um estilo de vida em sintonia com o consumo consciente.
A ideia de começar a trabalhar com o tema surgiu a partir de uma reflexão sobre sua vaidade. “Há cerca de quatro anos, passei a questionar a maneira como consumia, especialmente roupas e acessórios. Me dei conta de que eu preferia comprar de uma marca pequena do que de grandes lojas. Preferia comprar uma peça de qualidade do que várias modinhas e opto por peças atemporais. Passei a me importar que meu dinheiro fosse para uma mãe ou um pai que precisa pagar a mensalidade da escola do filho, a conta do supermercado, o transporte e a moradia e não para uma grande rede varejista ou multinacional”.
Depois da primeira reflexão, essa consciência passou para a alimentação, dando preferência a produtos locais, orgânicos, oriundos da agricultura familiar. “Nem sempre consigo consumir o que gostaria, mas todas as vezes que posso escolher, opto pelo que é local, de pequenos empreendedores e faço questão de valorizar o pequeno”, destaca.
Segundo Iara, o consumo consciente é uma porta que se abre e não se fecha mais. “A gente passa a se importar em como é feito o descarte do que não nos serve mais, a se interessar pela cadeia produtiva, especialmente com a situação de quem produz o que consumimos. Passa a observar de que forma pode reduzir o impacto ambiental e social do que compra”. Hoje ela encara o consumo como um ato político, deixando de usar marcas que façam trabalho análogo à escravidão ou cosméticos testados em animais. Além disso, pratica a reciclagem como uma forma de cidadania. “Vale destacar que o consumo consciente nem sempre vai sair mais em conta para o bolso. Mas com certeza vai sair mais em conta para o planeta. Minha meta é consertar o que puder, restaurar o que não curto mais e fazer descartes conscientes, de forma que impactem da menor forma possível ao meio ambiente”, finaliza.
Futuro melhor
Vanessa Navarro é publicitária e pós-graduada em Gestão Editorial. Apaixonada por artes manuais, há oito anos foi picada pelo “bichinho” do empreendedorismo e em 2009 compartilhou o amor ao papel como dona-artesã-professora na “As Papeleiras”, uma empresa de encadernação manual artística. Ela conta que foram quatro anos de aprendizado, ralação, sonho e sucesso. “Nos tornamos referência de encadernação no Brasil, mas o mais importante foi o despertar para o meu espírito empreendedor”. Hoje é sócia da Pupila Experiências Criativas, empresa que envolve conceitos de manualidade, autonomia e sustentabilidade, e atualmente oferece 10 cursos. Vanessa destaca que a empresa tem um ano, mas os projetos não param. “A Pupila representa tudo que eu acredito. Mas já tenho um projeto novo nascendo: a editora Letreria, que lançará seu primeiro livro em março. Empreender é um vício”.
A hoje empresária teve que fazer uma dura escolha em 2013. Para ir atrás dos sonhos precisou largar um emprego fixo. A rotina de jornada dupla de trabalho, de mãe sozinha e de estudante de pós na UnB ficou puxada, segundo Vanessa, e a decisão era inevitável. “A decisão foi acertada, larguei o emprego onde trabalhava e concentrei minhas energias no que realmente me movia. O dinheiro encurtou, mas tinha tempo para minha filha e para investir no meu sonho”. Hoje, aposta em cursos e treinamentos para empreender de forma consciente e consolidada. “A experiência me deixou mais madura e consciente do caminho a seguir. Continuo querendo dominar o mundo, mas entendo os percalços de empreender no Brasil, sinto o ritmo da cidade e respeito, e faço planos mais concretos”, destaca.
Para buscar seus objetivos, Vanessa sempre contou com o apoio da família. Filha de duas mulheres e mãe de uma moça de 15 anos, teve grandes exemplos de garra feminina por perto. “Estamos em uma batalha diária por igualdade, respeito e amor. Não queremos menos do que isso, então luto por um futuro melhor para minha filha, para mim e para todas as mulheres”.