Seja honesto: você tem conseguido pensar em algo além de coronavírus? Desde o começo do mês de março, não param de chegar novas informações a cada instante sobre doença, uma mais preocupante que a outra. O fechamento de shopping centers, lojas e parques públicos só mostra como o impacto da pandemia já chegou à nossa casa, na nossa vida.
Essa onipresença do assunto coronavírus no Brasil e no mundo influencia muito nossa forma de entender e reagir ao cenário, explica Flavia Ávila, especialista em economia comportamental.
A frequência das informações influencia decisões pouco racionais. O que acontece é a chamada heurística de disponibilidade. Em outras palavras, diante do acúmulo de notícias a todo momento, o cérebro desenvolve um tipo de atalho mental, que nos permite ter uma resposta rápida. “A gente acha que é racional, mas nesse contexto não é tanto assim”, diz Flávia.
A frequência faz a situação parecer generalizada.“Outro ponto é que quando você vê uma situação várias vezes, acha que ela está generalizada. Por exemplo, se começa a ver muito grávida, acha que todas as mulheres estão grávidas”, compara a especialista, sem menosprezar o risco de contaminação por coronavírus.
O efeito prova social e efeito manada. Lembra quando o aumento dos casos de coronavírus ficou evidente e as prateleiras dos supermercados e farmácias ficaram desabastecidas? É um exemplo de prova social e efeito manada. É assim: quando uma pessoa que você respeita ou conhece toma uma atitude, você vai lá e faz o mesmo porque tem naquele indivíduo um ponto de referência. Quanto muita gente começa a seguir os outros, tem-se o efeito manada.
Claro que os temores e a vontade de estocar alguns itens são mais que justificáveis. Mas, ainda assim, são decisões que o cérebro toma de forma mais automática do que racional. Até aqui, nenhuma das medidas tomadas pelos governos incluem o fechamento de supermercados e farmácias. As pessoas podem, ao menos, sair para comprar comida e medicamentos, como já acontece em países que adotaram quarentena.
A palavra pandemia chocou todo o mundo. Lembre-se que ela não trata da intensidade dos sintomas. Muita gente só percebeu a gravidade da situação depois que OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que havia uma pandemia de coronavírus. Mais porque não entendeu de fato o que é uma pandemia. É que esse não é um termo comum e está mais ligado a uma questão geográfica: significa que há propagação do vírus em vários países e continentes, via transmissão local. Não tem a ver com a intensidade nos sintomas.
Como diferenciar pânico de preocupação? Essa diferenciação pode te ajudar a perceber se está agindo da forma mais consciente ou sob impulso do desespero. Para perceber em que estado está, Flávia sugere traçar cenários. O que você acha que vai acontecer se: 1) tudo der muito errado; 2) as coisas ficarem sob controle 3) as coisas de resolverem no médio prazo. Daí você pode ir comparando as notícias que recebe com os cenários que você mesmo traçou. Vale ter pânico ou as coisas não estão tão ruim assim?
Use informações para te acalmar, e não para te deixar mais assustado. Em tempos de excesso de informação, se apegue ao que é oficial e vem dos órgãos internacionais como a OMS e decisões dos governos estaduais e federais. Elas são baseadas em estudos de instituições respeitadas.
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